A vida pode ser mais leve

A vida, acima de tudo, pode ser encarada de uma forma muito leve. Apesar de nossas dificuldades e apreensões constantes com as adversidades cotidianas, podemos, significativamente, construir uma vida leve. Acredito que muitos nunca pararam para refletir sobre o que torna nossa vida carregada, “inchada”.

 

Já teve a sensação de que sua rotina de forma geral está sempre pesada, como se os problemas fossem o protagonista dessa jornada? As contas nunca param de chegar, as cobranças no trabalho são contínuas, seu relacionamento é alimentado por discussões e assim por diante. Em meio a esse caos diário, certamente uma hora ou outra pensamos quando isso vai acabar ou se sempre estaremos fadados a levar uma vida assim.

 

Podemos dizer que a forma como pensamos e nos comportamos nos leva a construir uma vida assim, na maioria dos casos, de forma intrínseca. Pois é injusto dizer que todos os nossos problemas são unicamente responsabilidade nossa; sempre houve, há e haverá situações extrínsecas as quais nos afetam e infelizmente não temos controle. Mas hoje vamos falar das coisas as quais podemos manejar e mudar.

 

NASCEMOS COM UMA VIDA PREDEFINIDA

Muitos de nossos pensamentos, julgamentos e ações já estão pré-definidos desde o nosso nascimento. Com a forma que somos criados, educados, ensinados e testados, isso nos leva, em sua maioria, a uma vida igual ou muito semelhante ao restante. Não somos todos iguais, todos nós possuímos uma personalidade única, mas de forma generalizada, tendemos a tomar decisões ao longo da vida muito semelhante as decisões que a maioria toma.

 

Se pegarmos uma parcela significativa de pessoas e fazer uma pesquisa muito simples, como responder qual a definição de sucesso ou felicidade para eles, é normal encontrar nestas listas algo como:

 

  • comprar uma ótima casa;
  • quitar as dívidas;
  • conquistar o carro dos sonhos;
  • viajar para inúmeros lugares diferentes;
  • ter um emprego dos sonhos;
  • acumular uma quantidade X de dinheiro na conta.

 

É errado almejar todas essas coisas? Absolutamente não, devemos lutar para construirmos uma vida digna e confortável para nós e para nossos filhos. Porém, quero usar dessa premissa para argumentar não o que as pessoas buscam, mas como buscam.

 

No livro chamado Essencialismo – de Greg McKeown – o autor comenta que nós somos responsáveis por uma “busca indisciplinada por mais”. E a cada dia que passa, esse pensamento ganha ainda mais sentido e razão. Estamos passando por tempos onde o bem tangível é encarado como prosperidade. As redes sociais alimentam estilos de vida e influenciam aqueles com falta de propósito, pois somos bombardeados com pessoas extravagantes e risonhas, então, como não almejar uma vida assim?

 

Se quisermos demonstrar que somos bem sucedidos, basta abrir nossa garagem ou mostrar a qualidade da madeira de nossos móveis, não é? Pode até parecer um pensamento anti-capitalista ou uma afronta aos ricos, mas gostaria de dizer que os mesmos levam uma vida muito mais simples em relação às classes mais baixas; a frugalidade é um mantra para muitos deles, por incrível que pareça.

 

McKeown, em contraponto ao trecho citado acima, argumenta que “menos, porém melhor” é um bom antídoto para a bagunça em nossas vidas. Essa reflexão nos leva a inverter os papéis e inclusive as decisões que tomamos a vida inteira. E uma das características desse antídoto é a palavra Não. 

 

MENOS MUITAS VEZES É MAIS

Não somente a busca por bens materiais, mas a busca por aprovação também nos levam a construir uma vida cheia de ruído, insatisfação e preocupação. No nosso cotidiano sempre abstemos nossos interesses para suprir os interesses de outros. Aceitamos uma atividade extra no trabalho porque alguém pediu; compramos a roupa mais cara da loja para sermos bem vistos. Vivemos dizendo sim para inúmeras coisas que nos afastam de nosso verdadeiro desejo de vida. Temos medo de dizer Não.

 

Com a iminente preocupação de mostrar uma vida “cheia”, sem que seja percebido, acordamos de um dia para o outro simplesmente sufocados com as consequências das escolhas que tomamos. Pilhas de atividades extras que pensamos ser urgente quando aceitamos, dívidas de compras que pensamos ser necessárias por um breve momento, compromissos que pareciam irrecusáveis marcados em datas que podiam ser comemoradas com a família.

 

Deixamos de lado a simplicidade de uma vida leve para nos comprometermos em manter uma vida ocupada que não nos traz benefícios verdadeiros. A falsa percepção de que todos nos julgam por aquilo que temos ou não, faz com que esqueçamos como é prazeroso termos tempo para pessoas que amamos, ter um trabalho que não necessariamente tem a melhor remuneração mas que fazemos com vontade e satisfação, ou gastar o dinheiro que ganhamos com bons alimentos e viagens planejadas sem comprometer nosso bolso.

 

E, apesar de ser contraditório, uma vida regada de bens valiosos e alto padrão não é sinônimo de qualidade de vida. Porém, sabemos o quanto é difícil não abraçarmos o mundo o máximo que pudermos para preencher as “lacunas” da vida.

 

Sim, infelizmente muitos preenchem essas lacunas com exibicionismo. Comprar mais um carro valioso parece ser mais interessante do que adquirir um novo hábito ou habilidade, financiar a maior casa que conseguir e endividar-se é mais satisfatório que construir uma casa mais modesta porém aconchegante o suficiente para toda a família e o restante do dinheiro desfrutar em uma viagem conveniente. 

 

Estamos a todo momento fazendo escolhas, e essas escolhas moldam como será não somente o presente, mas principalmente o futuro. Quando optamos por abrir mão de um padrão imposto de sucesso e bem-estar, podemos descobrir que o contentamento a longo prazo está em construir boas relações, possuir bons hábitos, tempo para fazer o que desejamos e condição para comprar mirtilo no mercado para a salada de fruta do final de semana (contém bom humor).

 

O PESO DAS DECISÕES

Apesar da percepção de uma vida leve e sem muitas preocupações ser tentadora, há aqueles que tem como objetivo a própria superação, possuindo uma vida agitada com inúmeras responsabilidades e metas, onde consequentemente leva a uma rotina mais “conturbada”, e não há problema nenhum nisso, pois é o objetivo dessas pessoas. Assim como a leveza de uma rotina também possui contrapontos, como a monotonia e o tédio, o que para muitos podem ser coisas difíceis de lidar.

 

Mas fato é, exceto para esse seleto grupo de pessoas que procuram o inimaginável, construir um ambiente saudável para si, buscando a difícil tarefa de viver uma vida simples e objetiva (para muitos é algo difícil de conseguir sim), pode ser um caminho correto e minimamente danoso para você e para as pessoas ao seu redor. Ao contrário das expectativas, uma vida com objetivos grandes mas ações simples pode ser extremamente satisfatória, talvez mais do que ter carrões e banheira de hidromassagem na casa de piscina.

 

“A simplicidade é o mais alto grau de sofisticação.” – Leonardo da Vinci.

 

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Categories: Autodesenvolvimento

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